Digam o que quiserem dizer, mas para mim, essa é a maior de todas as verdades, o amor é uma merda. Fedida, grande e difícil de se livrar só com uma pazinha e um saco plástico. Ok, agora vou ser tachada de mal amada, não é isso também, ou talvez até seja.
A verdade é que, se apaixonar é uma maravilha, né? Tudo é lindo e colorido e o mundo é uma beleza, e depois? Pois é, camarada... E depois?
Porque, querendo ou não, sempre vem o "depois", quando depois de um tempo você passa a notar os defeitos daquela pessoa, que antes era tão perfeita, quando depois de um tempo, fazer sempre as mesmas coisas com a mesma pessoa começa a dar nos nervos e quando depois, você prefere simplesmente perder uma tarde de domingo na frente do pc do que ir ver aquela pessoa.
É. Talvez não seja o amor que seja uma merda, talvez seja o "depois". Claro, não posso negar que tem muita gente que consegue passar pelo "depois" muito bem, ou ainda não passou por ele e o mundo continua lindo, mas querendo ou não, o "depois" sempre vem. E ele vem com tudo, sem pedir licença, sem dizer olá ou sem avisar quanto tempo pretende ficar, e haja jogo de cintura para se livrar do "depois". Porque ele é insistente.
Eu gosto da paixão, ela vem, acesa, desesperada, te arrebenta como uma onda, de puxa e te cospe de volta. Cara eu gosto mesmo da paixão, porque no geral, ela é passageira, o problema é quando ela cria raízes. Aí a coisa fica feia.
Eu ando apaixonada. Eu sei, ele sabe. Mais ninguém. (Bom, agora quem lê esse antro, sabe também.) E às vezes, até acho que sou correspondida, às vezes acho que só penso ser porque no fundo, querendo ou não, eu quero mesmo ser correspondida (Todo apaixonado quer.) O interessante é que somos amigos.
Eu acho que há um medo de via dupla aí. Somos amigos, sabemos onde prestamos e onde não prestamos (Ou ao menos, achamos que sabemos), aí vem a prestação de contas: "Vale a pena?" Vale mesmo a pena arriscar uma amizade em prol do amor (ou da paixão) e do "depois"? Não. Ainda não é amor, é só uma paixonite. Mas vale mesmo a pena?
Não é difícil perdoar um amigo, na maioria das vezes é uma das coisas mais fáceis de se fazer, dependendo do tamanho da amizade e do tamanho da cagada. Não é muito difícil. Agora perdoar um amor, uma paixão, ah, isso é outra história. É muito mais difícil aceitar um passo em falso de alguém tão mais próximo, amigos são irmãos, camaradas. Amor e paixão são vícios, é aquela dose de veneno escondida atrás dos remédios para dor de cabeça, é aquele gole que você não pode tomar, mas toma. E quando ele dá um passo em falso, você cai no mesmo instante. Então, perdoar é bem mais difícil.
Daí fica: Vale mesmo a pena?
É, eu ando mesmo apaixonada. E não é a primeira vez que é uma daquelas paixonites que vai demorar para passar e que tem poucas (ou nenhuma) chance de se concretizar em algo. E não adianta, eu não vou contar por quem.
Ele sabe, eu sei. É mais do que suficiente.
Mas...
Isso não muda nada.
O amor continua sendo uma merda, eu continuo na minha paixonite e o mundo segue adiante. Mas algo me consola. Tudo passa, bom ou ruim, eventualmente, passa. E eu já aprendi mesmo a não me machucar com paixonites impossíveis, faz tempo!
Mas como eu disse, eu gosto. Gosto mesmo da sensação de ser arrastada sem permissão, de ser cuspida de volta e puxada de novo. É como entrar no mar em dia de fúria. E de um jeito ou de outro, isso te renova e te prepara um pouco mais para o que estar por vim. Mas enquanto não passa, continuamos nos escondendo. Porque o amor doí, e nunca se sabe se vale mesmo a pena.
Mas sabe de uma coisa...
Eu acho que vale.