Tentando voltar à ativa
terça-feira, 13 de setembro de 2011 by Ismael
Dê um tempo, campeão. Acenda o cigarro. Vende seus olhos e dê as costas ao paredão. Agüente as dores e os escarros. Em algum lugar, na calada da noite. Um último suspiro antes do fuzilamento. Afogue o grito ante o açoite. Dar a outra face? A palavra de um homem morto. Saia e cace. A dor do anonimato será seu conforto.
O jogo começa e o tempo curto. Deitado em berço esplêndido. Esperando pelo fatídico surto. A fagulha que desperta o incêndio. Com os culhões numa bandeja de prata. E o coração numa estaca de madeira. O justo aqui se maltrata. O honesto se tornará poeira.
Produção serial de animais. Enjauladas em sua própria loucura. Animação de assassinos seriais. Ansiosos por uma inexistente cura. É o aperto de mãos. Cordialmente hipócrita e verdadeiro. Nas costas, carrega o bastão. Todos esperam o momento derradeiro.
E aqui tudo acaba. Como começou, terminou. Uma dança macabra. Por quantos dias lhes animou? No mundo sem tempo. No tempo sem cabeça. Dias de tédio sem passatempos. O trabalho que lhe prega peças. Quantas poesias foram lidas? Quantas músicas foram ouvidas? O que foi realmente lido e ouvido? Nada do que está aqui contido.
Em ricos verdes palácios. Com cartas, construídos. Sob a égide de desejos opiáceos. Lar de sonhos destruídos. Sob a luz do céu profundo. Dormes em seio forte. Faustosos e rotundos. Que vivem da Sorte. Artimanhas friamente elaboradas. Dos tempos imemoriais. Que a Justiça seja eternamente caçoada. Pelos desígnios dos doutores imperiais."