Um novo dia, um novo mundo.

Sei que eu tinha prometido voltar à ativa, mas fui deixando as coisas meio de lado... E por isso, peço desculpas! Vou tentar, novamente, manter estas paragens mais atualizadas de agora em diante. Ando escrevendo bastante e sinto a necessidade de compartilhar um pouco disso com o mundo.

Tem dias que a gente acorda, mas preferia não acordar. Pensando bem, seria melhor dizer que são poucos os dias em que realmente queremos acordar. Quem aqui gosta de trocar uma cama quente e um mundo onde somos quem queremos ser, onde as coisas acontecem sempre para nosso melhor? É claro que há os pesados, mas não são eles que costumam preencher nosso sono, não é mesmo?
Mas levantar é preciso. Ao menos, foi o que me disseram a vida toda. Levantar e ir pra escola. Levantar e ir pra missa. Levantar e ir pro trabalho. Levantar e ir pro caixão. Bom, isso ninguém nunca fala... Mas fica implícito, não? Passamos tanto tempo estudando, trabalhando e rezando que dificilmente vemos a vida passar, nós raramente nos damos o tempo necessário pra aproveitar a vida... Um dia eu me dei conta disso. Em cada nova oportunidade que nos levantamos, estamos dando só mais um passo em direção ao túmulo.
Onde fica esse tempo que nos falta, então? Alguém, com certeza, têm de estar tirando ele de nós, certo? Mas não. Nós mesmos nos privamos de ter uma vida há muito tempo atrás – alguns diriam que foi em outra encarnação. Quando aceitamos, enquanto espécie, que queríamos ser uma sociedade baseada no progresso, nos condenamos à escravidão. Somos prisioneiros do relógio, constantemente acossados pelas metas e os objetivos. É vencer ou morrer tentando, e o meio termo significa a exclusão.
Quando foi a última vez que levantou atrasado, despreocupado, e deu uma boa olhada no céu? Quando foi a última vez em que você tirou uns minutos para se embasbacar? Aposto que há anos você não desperdiça horas tentando entender o porquê você é tão infeliz – não, ao invés de fazer um esforço desses, você vai ao médico e paga para ele lhe dizer que você está doente e que precisa deste ou daquele remédio. Mas sejamos sinceros: quem aqui não faz isso? É normal, aceitável e até desejável que você faça isso – saudável, eles dizem -, afinal, alguém precisa pagar as contas.
Mas suponho que o mundo seja um grande aglomerado desses paradoxos, não? Você trabalha para ter dinheiro para aproveitar a vida, mas na hora da diversão, está cansado demais e precisa recarregar as baterias pra trabalhar. Você é politicamente correto e nada preconceituoso, mas adora xingar alguém de “viado”. Você não é racista, só não acha que pessoas de outra cor sejam atraentes. Você é defensor dos animais, pode até não comer carne, mas ainda consume produtos que exploram os animais. Você é revolucionário e diz que as classes mais baixas precisam se politizar, mas passa sua vida trancado no gabinete da universidade ou na casa de seus pais que recebem alguns milhares de reais por mês.
Não se sintam ofendidos, caros leitores, isso não é especificamente para atingir vocês ou a mim. A culpa é de todos nós. O que temos feito do nosso mundo e de nossas vidas? Quanto tempo já jogamos fora debatendo os problemas do mundo, para depois irmos para o aconchego de nossas camas na maior paz de consciência? Devo fazer o mea culpa e admitir que este texto não me torna um ser superior, sequer diferente de vocês.
Já perdi a fé na humanidade diversas vezes, e em muitas dessas ocasiões foi por minha própria culpa. Sei que não sou bom exemplo de ser humano e que, provavelmente, muitas pessoas já desistiram de acreditar porque eu, assim como outros antes de mim, não pude dar o moral que era requisitado. Mas se minha fé já foi perdida várias vezes, é porque ela foi reconquista repetidamente, não é mesmo?
Pequenos atos de humanidade são o suficiente para fazer o dia brilhar mais. Um sacrifício pessoal em prol do próximo torna o mundo mais suportável. É claro que não acho que isso seja um desapego genuíno – a ideia consciente pode vir a ser essa, mas na maior parte das vezes é um descarrego de consciência. Mas de qualquer forma, seja verdadeiro ou só um alívio, ajudar o mundo a respirar é necessário.
Proponho aqui uma mudança pequena que pode ser posta em prática desde já: ao acordar amanhã, sorria para a pessoa que está ao seu lado. Se você estiver sozinho, pegue seu café e dê uma bela contemplada na paisagem que está lá do lado de fora de sua janela. A beleza da vida está escondida bem debaixo dos seus olhos, nos lugares aparentemente mais inusitados. Mesmo o tom cinza que domina as grandes cidades pode dar uma nova luz à sua vida.

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