Hoje o clube que é dono do meu coração está de aniversário. Comemorando os 108 anos do meu Grêmio, escrevi esta singela homenagem. Espero que gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrevê-la.


Teu é o mundo, ó Imortal Tricolor.

Escreveste na grama tua história

Com guerra, sangue, suor e dor.

Ergueste-te na mais alta glória.

Recinto de bravos heróis boêmios;

De Lupicínio a Renato, com o coração

Todos eles vivem nessa tradição

Que fundaste ao nascer, meu Grêmio.

Já desbravaste o Prata e a América,

E ao universo deste teu sangue azul.

Com nobre estirpe e garra feérica

Do pampa já foste o maior cônsul!

‘Inda que nem tudo tenha sido alegria

Na dor, surgiu o pacto de forte união:

Mostrou que na adversidade tudo podia,

Alimentando-se d’uma delirante paixão.

Contigo estão aqueles cujo prêmio

É viver na adversidade e ainda vencer.

Teus são todos os que nada podem ser

Senão plenamente loucos por ti, Grêmio.

Tentando voltar à ativa

Bom, galera, sei que o blog andou largado às traças, mas pretendo voltar a postar por aqui frequentemente. Aliás, queria fazer um convite aos amigos (que eventualmente leiam este apelo) que escrevem poesia: se estiverem afim de publicar, estamos abertos para novos membros. Quero manter isso aqui funcionando a todo vapor!

E para recomeçar, vou postar na sequência meu mais novo poema, que se chama "Brasil". Apesar da sugestão do nome e dos rumos que ele tomou, o intuito inicial era de fazer uma reflexão sobre como temos pouco tempo para ler (e compreender o que estamos lendo) e para ouvir música (e realmente escutá-la). No fim, a coisa desandou e acabou assim:

"O tempo soterra. O mundo devora. Não há espaço para quem erra. Não se ouve mais quem chora. Na terra dos loucos, todos trabalham. Não há mais tempo para viver. Os dias se atulham. Não há para onde correr. A cada esquina, respira a impunidade. Em cada casa, reside o medo. É uma derrota por unanimidade. Não se conta a liberdade nem nos dedos.

Dê um tempo, campeão. Acenda o cigarro. Vende seus olhos e dê as costas ao paredão. Agüente as dores e os escarros. Em algum lugar, na calada da noite. Um último suspiro antes do fuzilamento. Afogue o grito ante o açoite. Dar a outra face? A palavra de um homem morto. Saia e cace. A dor do anonimato será seu conforto.

O jogo começa e o tempo curto. Deitado em berço esplêndido. Esperando pelo fatídico surto. A fagulha que desperta o incêndio. Com os culhões numa bandeja de prata. E o coração numa estaca de madeira. O justo aqui se maltrata. O honesto se tornará poeira.

Produção serial de animais. Enjauladas em sua própria loucura. Animação de assassinos seriais. Ansiosos por uma inexistente cura. É o aperto de mãos. Cordialmente hipócrita e verdadeiro. Nas costas, carrega o bastão. Todos esperam o momento derradeiro.

E aqui tudo acaba. Como começou, terminou. Uma dança macabra. Por quantos dias lhes animou? No mundo sem tempo. No tempo sem cabeça. Dias de tédio sem passatempos. O trabalho que lhe prega peças. Quantas poesias foram lidas? Quantas músicas foram ouvidas? O que foi realmente lido e ouvido? Nada do que está aqui contido.

Em ricos verdes palácios. Com cartas, construídos. Sob a égide de desejos opiáceos. Lar de sonhos destruídos. Sob a luz do céu profundo. Dormes em seio forte. Faustosos e rotundos. Que vivem da Sorte. Artimanhas friamente elaboradas. Dos tempos imemoriais. Que a Justiça seja eternamente caçoada. Pelos desígnios dos doutores imperiais."

Blogger Templates by Blog Forum